Luísa Fragoeiro Arco: «O objetivo é o Europeu de juniores na Croácia»

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Luísa Fragoeiro Arco está de férias em Portugal. A saltadora portuguesa, a viver no Canadá há 10 anos com os pais e o irmão, esteve esta semana reunida com o diretor desportivo da FPN José Machado na sede da federação, no Jamor.

Em entrevista ao site da FPN, Luísa falou-nos um pouco da sua vida no Canadá, os seus treinos e competições. Falou-nos também sobre o futuro e assumiu alguns dos objetivos para esta e a próxima época.

- Acompanhas os saltos no Mundial de Fukuoka?

- Gosto de seguir a equipa do Brasil.  Conheço o Rafael Fogaça desde os Mundiais de juniores do ano passado em novembro.

- Quem é que a inspira neste Mundial no Japão?

- Estou sempre a seguir a seleção canadiana. Gosto de ver a Caeli Mckay [bronze na plataforma de 10 metros Fukuoka], especialmente porque ela esteve lesionada e conseguiu voltar muito forte.

- Estás de férias em Portugal?

- Sim. Tenho agora duas semanas para descansar, ver a família. Tenho cá os tios primos, avós.

- Quantos anos estão no Canadá?

- Há 10 anos.

- Tem sido uma aventura…

- Sim! (risos). Uma aventura é voltar todos os anos.

- O que destacas em Portugal cada vez que cá vens?

- É mais quentinho (risos)…

- Em que cidade do Canadá vivem?

- Edmonton. Onde faz muito calor no verão e muito frio no inverno. No inverno Edmonton é a cidade mais fria…

Mas as condições são muito boas em Edmonton, onde organizaram os jogos da Commonwealth. Tem uma piscina e um estádio muito bons, onde já se organizaram os campeonatos de saltos.

- Como começaste a fazer saltos para a água?

- Os meus pais estavam a trabalhar e eu tinha de fazer uma atividade e então fui para a natação. Gostava de nadar e depois comecei com os saltos. Penso que foi a disciplina certa para mim. Temos de começar até uma certa idade. Há pessoas que iniciam mais tarde e torna-se difícil aprender os movimentos todos.

- Os saltos é uma grande aposta do Canadá?

- Não é tão grande como o hóquei no gelo ou patinagem artística, mas é muito forte.

- Pai - Rui Arco: não última competição esteve a competir com os olímpicos… Os atletas que estão agora no Mundial competiram com a Luísa.

- É um bom momento de avaliação…

- Pai: Pamela Ware [prata e bronze nos trampolins 3 metros no Mundial de Barcelona]. Que competiu com a Luísa neste último campeonato do Canadá – estava a saltar antes da Luísa.

- … Ela disse-me que gostava muito dos meus mergulhos que eram muito sofisticados. Fiquei super-orgulhosa.

- Quando foi o momento em que sentiste: «agora é que eu vou mesmo apostar nos saltos mais a sério?»

- Em 2017 comecei a treinar com o atual treinador. Nesse ano fiquei bem classificada nos nacionais. E eu pensei isto é a minha «coisa».

- Como é conciliar os treinos, competições com a escola?

- Não é fácil. Aos domingos, o único dia que não treino, estou com o meu pai a estudar para recuperar…

- Pai: estudar matemática e outras disciplinas que faltou durante a semana. Os professores são muito bons na escola. Em Edmonton há duas escolas que são especiais para desporto. Mas a Luísa está numa escola normal e está a correr muito bem. Os professores ajudam…

- Que objectivos mais próximos tens na tua carreira?

- Agora vou aos Europeus de juniores, em agosto, na Croácia.

- Pai: vamos regressar ao Canadá para se preparar.

- Depois no próximo ano vou tentar trabalhar para fazer mais competições seniores. No próximo ano não há mundial de juniores. Nos seniores, agora estou a fazer muito bem na plataforma, mas em seniores precisava de quatro mergulhos de três metros. Agora só tenho dois.

- Pai: na plataforma há as diversas alturas. Os atletas mais novos começam nas alturas mais baixas e depois vão evoluindo. para competir nas competições seniores tem de ter no mínimo quatro mergulhos dos 5 metros. Faz parte da evolução natural. O objectivo é nos próximos dois anos ter esses mergulhos preparados.

- É uma coreografia…

- É. Muito trabalho em trampolim. Nas pranchas secas.

- Como é que os teus colegas e amigos acompanham as tuas competições?

- Sim. Eles não percebem nada das regras, mas vibram cada vez que faço um saltinho.

- E o teu treinador…

- Está “on board”, está com tudo.

- E no Canadá qual é o parâmetro competitivo?

- Pai: O ano passado ganhou o prémio da melhor atleta do Canadá da idade dela.

- Nós temos grupos etários, e eu era o ano passado a mais velha do grupo dos 14-15. Este ano sou a mais nova outra vez dos 16 -18 anos. De todas as finais fui sempre a mais nova.

- E os teus pais também fazem saltos?

- (Risos) O meu pai até foi a umas aulas…

- Mãe Marta Fragoeiro: é engraçado porque eles têm um clube com aulas para adultos. Para os pais perceberem como difícil é (risos).

- O meu irmão também tentou, mas não gostou tanto ele prefere mais rugby e atletismo.

- Mãe: o pai é o mais desportivo…

- E a avaliação dos juízes, contesta muito?

- Não… não. Muda de competição para competição, mas é uma avaliação justa.

- Como é fazer desporto no Canadá com aquelas temperaturas tão baixas?

- Pai: Há muitos espaços fechados e depois também nos habituamos às temperaturas baixas. Até menos 18 graus fazemos desporto sem problemas… vou correr.

- Menos 47 é mais complicado. Mas não acontece muitas vezes.

- Mãe: há muita coisa para fazer na rua como patinar ou ski.

- E os horários dão para conciliar?

- Mãe: principal limitação é quando não há luz. No inverno os dias são muito pequenos, às quatro da tarde já é noite. É a principal limitação. Mas no verão os dias são muito compridos.

- Este calor em Portugal…

- Pai: Esta última prova em que a Luísa participou foi ao ar livre.

- Foi um pouco difícil. Estávamos numa ilha com floresta. Havia vento… não quis cair da prancha. E os insetos (risos). Havia muitos na plataforma, nos braços e nos olhos.

- Os fogos atingiram a vossa zona?

- É muito grave. Um amigo mora numa cidade que teve de ser evacuada duas vezes. São áreas de floresta imensa. Quando começa é difícil parar.

- Pai: à Luísa não afetou, mas ao nosso filho que faz desporto ao ar livre e 50% dos treinos foram cancelados por casa da qualidade do ar.

- Mãe: estes anos os fogos começaram mais cedo.

Vem todos os anos a Portugal?

- Só não viemos quando foi o covid.

- Para além da família o que tem mais saudades de Portugal?

- A comida da minha avó, os pasteis de nata, o mar…